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domingo, 28 de abril de 2013

Maquiavel: bajulador ou puxa-saco?

Extraídos do livro de Maquiavel O Príncipe, alguns conceitos e ensinamentos estão presentes entre nós, mais de 500 anos após a feitura desse texto denso e, ao mesmo tempo, quase coloquial, dada a sua estrutura amparada na história concreta da humanidade e não em meras especulações metafísicas.



Poder


Por certo, a ideia é abstrair da política todas as práticas sociais que encerram em si qualquer forma de poder. Este, por sua vez, não fica restrito ao grupo político, constituído pelos agentes públicos; ao contrário, qualquer forma de poder nos permite encontrar certa dose de bajulação, de adulação. Talvez porque o exercício deste tanto pode resultar em prestígio social, quanto pessoal. E, numa relação de poder, há vontades pessoais ou de determinados grupos desejosos por impor sua vontade à vontade dos alheios ou estranhos ao contexto dominantes.

Bajuladores

Por essa razão, política e poder atraem os bajuladores. Quem são, afinal, os bajuladores? Certamente, encontram-se ao redor ou no interior de grupos detentores do poder, visando atingir espaço e prestígio, pois acredito inexistir quem bajule por bajular. Importa dizer que a bajulação, em regra, se dá por um viés nada recomendado ao exercício da cidadania, porque o bajulador vale-se de atitudes caricatas, como elogios e paparicações, a fim de cair nos braços do bajulado. Enfim, a quem Maquiavel chama de bajulador ou adulador podemos chamar, na atualidade, pelo senso comum, de puxa-saco. 


Convívio rotineiro

Por fim, permito-me encerrar reconhecendo que todos os tipos sociais são culturais. Portanto, aqueles que sobrevivem aos tempos só o conseguem porque encontram respaldo nas relações concretas, no contexto social. Acaso persistam os bajuladores, é porque há, na exata medida, pessoas interessadas em serem bajuladas. O que isso representa para a vida política é outra história. Pelo entendimento de Maquiavel, é reprovado o príncipe que se vale do bajulador, pois não é possível manter um estado forte alicerçado na falsidade. Assim como não é possível preterir sabedoria em detrimento de elogios. Apesar do que foi dito, não há intenção em banir os elogios do convívio social. É possível reconhecer mérito, desde que esse reconhecimento não seja pautado por intenções escusas e pessoais. E seguimos, dia após dia, num convívio rotineiro com puxa-sacos.



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