Já faz algum tempo que ouço comentários a respeito do tema anunciado e,
recentemente, comecei a fazer uma reflexão sobre o mesmo, partindo do
comportamento e características deste réptil que desde o Gênesis carrega
a fama de traiçoeiro.
É bem verdade que a aparência das serpentes - que é o termo mais
apropriado - geralmente causa-nos uma impressão negativa, em virtude do
seu aspecto que assusta por causa de seus dentes afiados que destilam
veneno, mas é bom lembrar que nem todas elas são peçonhentas.
No ambiente de trabalho, o termo “Ninho de Cobras” geralmente é usado
para definir pessoas que maquinam o mal contra as outras, mas penso que
muitas vezes esse apelo serve apenas como uma desculpa para se esquivar
da responsabilidade de algo que não foi bem sucedido, como por exemplo,
afirmar que alguém não foi promovido por causa de uma suposta
conspiração interna.
Segundo a herpetologia, ciência que estuda os répteis e anfíbios, as
serpentes não costumam atacar seres humanos, mas isso ocorre pelo
instinto de preservação da espécie que se sente de algum modo ameaçada
e, talvez, nesse momento eu tenha chegado ao ponto da reflexão que possa
encontrar alguma semelhança com não raras situações vividas nos mais
variados ambientes de trabalho.
Muitos profissionais que com o tempo se acomodam numa zona de conforto -
que podemos entender como um buraco ou esconderijo - acabam espreitando
pelas frestas das oportunidades perdidas aqueles que se aproximam em
alto conceito, seja pelas suas credenciais adquiridas através de uma
formação em instituições de primeira linha, por uma reputação
conquistada ao longo dos anos em multinacionais de classe mundial, da
experiência vivenciada internacionalmente ou até mesmo pelo simples fato
de serem admirados e respeitados pela maneira como lideram.
Mas não importa se esse tipo de comportamento humano encontra de algum
modo semelhança com o mundo animal, do qual, aliás, fazemos parte, pois
quando o foco de um profissional está voltado para o alvo certo que é
ter sucesso no plano de sua carreira, até mesmo as situações
aparentemente negativas contribuirão para o desenvolvimento de
habilidades, que são buscadas no mercado de trabalho por empresas de
alto desempenho.
Portanto, assim como as serpentes não devem ser eliminadas para que não
haja um desiquilíbrio no ecossistema, a convivência com pessoas que são
limitadas pela insegurança precisa ser entendida como uma oportunidade
para crescimento mútuo, pois afinal de contas, o aprendizado que a vida
proporciona através dos relacionamentos, certamente contribuirá não
apenas para o autoconhecimento, mas também para que disso tudo aflore um
ser humano melhor.
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