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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Virtuosi de Gravatá traz maestro João Carlos Martins a Pernambuco





 A música clássica sobe novamente a serra pernambucana a partir dessa sexta-feira (13), quando começa mais uma edição do Festival Virtuosi de Gravatá. O município do Agreste de Pernambuco sedia o evento até o dia 22 de julho, com programação gratuita e apresentações na Igreja Matriz de Sant’Ana. Na sua quarta edição, o Virtuosi Gravatá homenageia os 100 anos de Luiz Gonzaga e os 150 anos do francês Claude Debussy.

Na programação repleta de nomes de grandes músicos, fica difícil até mesmo para Ana Lucia Altino, pianista e coordenadora do festival, junto com o maestro Rafael Garcia, destacar algumas apresentações. “São todos muito bons, tem muita gente nova este ano, como o violinista russo Nikita Borisoglebsky. Ele tocou agora em Porto Alegre e fez muito sucesso. É um rapaz jovem, uma cara nova, que já recebeu um prêmio no Concurso Tchaikovsky”, comenta Altino. Borisoglebsky apresenta as duas sonatas de Debussy para violino no sábado (14).


Ela destaca também a apresentação de outro violinista, o francês Gilles Apap, acompanhado dos Transylvanian Mountain Boys, que se apresentam no dia 20 de julho: “Ele é realmente sensacional, considerado o grande violinista do século XXI, e trabalha muito com música cigana e outros ritmos”. Outro nome para prestar atenção, de acordo com a coordenadora, é o contrabaixista russo Rinat Ibragimov, o principal da Orquestra Sinfônica de Londres.


Outra grande apresentação do Virtuosi Gravatá acontece no dia 17 de julho, com o maestro e pianista João Carlos Martins, considerado um dos maiores intérpretes de Bach. Martins é também um exemplo de superação e amor à música: após submeter-se a uma cirurgia no cérebro para recuperar os movimentos dos braços e voltar a segurar a batuta, o maestro hoje volta ao piano, sua grande paixão.


“Quando consegui abrir a mão durante a cirurgia, comecei a sonhar um pouco mais alto. É uma longa caminhada para voltar a tocar profissionalmente, mas o sonho nunca acaba. É bom você ter a palavra esperança na sua vida, aos 72 anos. Ontem mesmo toquei em Londrina, e também em São Paulo. Estou conseguindo tocar pouca coisa, com a mão esquerda, mas o objetivo da operação já foi cumprido, que é segurar a batuta”, comentou feliz o maestro, em conversa por telefone.


Perfeccionista, João Carlos Martins não tem pressa para se recuperar, e prefere caminhar aos poucos, mas com qualidade. O sentimento esteve presente com ele desde o início da carreira, quando aos 20 e poucos anos, precisou fazer uma cirurgia no braço direito, em que implantou dedeiras de aço. O esforço para tocar piano era tão grande, que algumas vezes as teclas ficavam manchadas de sangue.

Foi nessa época em que ele resolveu se dedicar ao ofício de maestro. “Procurei fazer da orquestra o meu piano, mas com uma diferença: quando comecei a reger, continuei procurando a excelência musical, mas aliada à responsabilidade social. Tenho que agradecer a algo divino por, mesmo com as adversidades, continuar fazendo música até o fim da vida. É por isso que hoje educo cerca de 1.200 crianças nesse universo maravilhoso da orquestra”.

Martins deve tocar piano no Virtuosi, impressionando e emocionando a plateia, como já lhe é comum. No repertório, Bach, Mozart, Tom Jobim e Ennio Morricone se cruzam em mais uma apresentação, que ele afirma ser única: “Cada concerto que faço é o mais importante da minha vida. Este será, e o de Garanhuns, no dia 18, também”, afirma o maestro.


O Virtuosi Gravatá se encerra com um concerto às 11h do dia 22 de julho, quando o violoncelista Leonardo Altino apresenta seu CD "Poema". O disco, que conta com obras de Debussy, Marlos Nobre e Shostakovich, será lançado em agosto na Ilha de Syros, na Grécia.

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