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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Aumento da frota de carros e motos foi seguido do crescimento do número de acidentes fatais no país

A primeira década do século 21 se tornou a era do veículo automotor no Brasil. A frota nacional mais que dobrou, passando de 32 milhões em 2001 para quase 70 milhões no final do ano passado. O dado explica em grande parte o crescimento no número absoluto de mortes no trânsito. “O trânsito é um conjunto de engenharia, tecnologia e inteligência, e não foi feito para machucar as pessoas. Mas já passou do ponto. Chegamos a um limite intolerável.

 O trânsito também possui os seus grupos de risco. Os jovens formam o mais perceptível deles. De acordo com os dados do SUS, um em cada quatro brasileiros mortos em acidentes de trânsito em 2010 tinha entre 20 e 29 anos de idade.

 Outro grupo surgiu com o aumento da frota: também durante a década passada, o número de motocicletas e motonetas nas ruas disparou, passando de 4,5 milhões em 2001 para 18 milhões em outubro de 2011. Esse tipo de veículo é responsável por 6 em cada 10 indenizações pagas pelo DPVAT (Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres), embora represente apenas um quarto da frota.


Educação
Os especialistas ouvidos pela reportagem são categóricos em defender a prioridade para os programas de educação no trânsito, ao mesmo tempo em que se mostram desenganados com a capacidade do poder público em doutrinar o trânsito a partir de fiscalização. Investimentos em estrutura e profissionais não soam críveis no curto ou médio prazo.

“No mundo inteiro, o fenômeno do automóvel ainda está sendo digerido. Do ponto de vista antropológico, o carro chegou “ontem” na nossa vida – há pouco mais de um século. Ele se tornou uma extensão do nosso corpo e amplifica os defeitos da nossa formação. No Brasil, nos falta consciência cidadã para lidar com isso”.

Legislação
A implantação do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), em 1998, é vista como a pedra fundamental para a melhoria do trânsito no Brasil. A carta de 20 capítulos e 324 artigos definiu normas para a engenharia de tráfico, dividiu responsabilidade entre as esferas de poder, tipificou infrações e estabeleceu punições. “O trânsito melhorou muito por existir esse código, que é infinitamente superior à lei anterior”, compara Mariano.

Alguns comportamentos se solidificaram a partir da lei, co­­mo o uso do cinto de segurança para carros e do capacete para as motos. “Isso ajudou a poupar muitas vidas. Não diminuiu a quantidade dos acidentes, mas reduziu a gravidade das lesões".

O consumo do álcool segue sendo um ponto de resistência. A criação da Lei Seca, em 2008, se mostrou impactante em um primeiro momento, mas abrandada pela falta de fiscalização contínua.
Mais da metade das estradas brasileiras está em mau estado.

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