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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Como municípios podem ajudar no combate à violência

É difícil encontrar alguém que ainda não tenha sido assaltado ou desrespeitado na rua e até mesmo em casa. Todo mundo quer ver mais policiais fazendo rondas e abordagens. Mas, você sabia que a segurança também deve ser responsabilidade das prefeituras? Os guardas municipais cuidam de praças, parques, do trânsito, mas segurança é aquela que também evita, por exemplo, que jovens se envolvam com a criminalidade.

Pra todo mundo, segurança é prioridade. Unânime também é a sensação que as pessoas têm de que não estão seguras. A violência preocupa muito, o incômodo é geral. “Hoje os meninos de 13, 14 anos, tanto moças como rapazes, não têm educação, os pais não dão. Então vai pro colégio e também lá não aprendem nada. Ficam na rua para quê? Pra se prostituir e usar drogas”, diz a aposentada Albertina Lopes. “Pra mim já começa de dentro de casa a violência. A educação que vem de casa e termina indo para a rua”, acredita a zeladora Rejane Pereira. “Está precisando abrir muitas coisas para que o jovem tenha com o que se ocupar”, complementa a enfermeira Paula Frasinetti.
Não dá pra pensar que violência se resolve só com repressão. A polícia tem que prender, a Justiça tem que julgar, mas não pode ser apenas isso. Segurança pública não é somente reação, não é somente o que se faz depois que a violência é consumada. O desafio é mudar o olhar, focar no que pode ser feito para que as pessoas vivam melhor, trabalhar para que a violência não aconteça.


Tudo isso remete a um assunto que tá cada vez mais na ordem do dia: o papel do município na segurança pública. O município como unidade federativa mais próxima das pessoas e com a missão de enfrentar os problemas locais de violência e criminalidade.
O artigo 144 da constituição federal diz que a segurança pública é dever do estado, direito e responsabilidade de todos, e exercida para a preservação da ordem pública e da integridade das pessoas e do patrimônio. Fala das polícias Federal, Rodoviária Federal, Ferroviária Federal e Civil. Só no parágrafo oitavo, a constituição cita os municípios, afirmando que eles podem constituir guardas municipais destinados à proteção de bens, serviços e instalações.
Mas, muito além disso, o que se espera é que o município atue na prevenção da violência. E que trabalhe para reduzir os índices de criminalidade. “Passando esse problema da violência, ela vai além de apenas trazer novas armas, novas viaturas para a polícia, endurecer o sistema penal. Outras medidas são necessárias, na verdade políticas públicas de prevenção e de inclusão social. Nesse caminho, o município deve se colocar com essa participação, ele pode sim trabalhar de forma muito eficaz nesse combate à violência”, explica Roberta Araújo, juíza do trabalho e professora.
Uma das funções do município é, sem dúvida, cuidar dos jovens. Criar espaços de convivência onde eles sejam acolhidos, educados e preparados pra vida. Um local em que eles possam se sentir protegidos, a salvo. Dos abusos, do descaso, da violência mesmo, onde exercitem normas de educação, de respeito ao próximo, uma espécie de contrato de convivência. Um estímulo pra pensar.
Um lugar também que prepare para o mercado de trabalho. Que descubra no jovem o talento, a vocação. “Antigamente eu só pensava mal e hoje em dia eu penso diferente, gosto de curtir brincar. Existe o teatro aqui e a gente aprendeu muito”, diz o estudante Jefferson Santos, 21 anos. “Trabalhamos muito aqui a cidadania, a educação e o respeito que poucos tem no meio da rua, mas aqui a gente consegue obter esse objetivo que o respeito também”, completa Thiago José, 24 anos, estudante.
Iniciativas simples podem fazer toda diferença. E, sim, isso é tarefa do município. “Trazendo iluminação em áreas de risco, prover as áreas de risco com escolas, postos de saúde, com praças, com espaços de lazer e cultura. Trazer para a juventude programas de qualificação profissional, ampliar os espaços de educação, políticas sociais do município voltadas para o combate à violência de gênero, combate à homofobia, combate à violência contra a criança, contra o adolescente”, orienta a juíza Roberta Araújo.
Jovens que deixaram de ser invisíveis. Que estavam perdidos e encontraram o caminho de volta. Que se sentiram cuidados e resolveram se cuidar também. “Tira você de negócios de droga, violência, aqui é muito bom. Era bom que tivesse em outros lugares também”, diz o professor de dança Anderson Barbosa, de 21 anos. “Fiz muita besteira, mas hoje em dia tá mudando a atitude de viver a vida, de ser um cidadão de verdade”, conta o estudante Eduardo Augusto, de 18 anos. “Antes de entrar aqui era só preguiça e bagunça. Depois que eu entrei foi até bom porque me ensinou a ter responsabilidade, acordando cedo, me ensinou a querer alguma coisa pra minha vida e me ensinou a me relacionar com pessoas que eu não conhecia”, acrescenta a estudante Mônica Rafaele, de 16 anos.
O seu voto tem tudo a ver com isso. “O meu prefeito, ele precisa ser alguém que eu confie e acredite que ele faz essa opção política por alocar os recursos que ele dispõe, que a prefeitura dispõe, inclusive para a segurança pública em áreas que são de fato essenciais para garantir a dignidade da vida humana”, finaliza a juíza.

Do G1
 

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