Pra todo mundo, segurança é prioridade. Unânime também é a sensação que
as pessoas têm de que não estão seguras. A violência preocupa muito, o
incômodo é geral. “Hoje os meninos de 13, 14 anos, tanto moças como
rapazes, não têm educação, os pais não dão. Então vai pro colégio e
também lá não aprendem nada. Ficam na rua para quê? Pra se prostituir e
usar drogas”, diz a aposentada Albertina Lopes. “Pra mim já começa de
dentro de casa a violência. A educação que vem de casa e termina indo
para a rua”, acredita a zeladora Rejane Pereira. “Está precisando abrir
muitas coisas para que o jovem tenha com o que se ocupar”, complementa a
enfermeira Paula Frasinetti.
Não dá pra pensar que violência se resolve só com repressão. A polícia
tem que prender, a Justiça tem que julgar, mas não pode ser apenas isso.
Segurança pública não é somente reação, não é somente o que se faz
depois que a violência é consumada. O desafio é mudar o olhar, focar no
que pode ser feito para que as pessoas vivam melhor, trabalhar para que a
violência não aconteça.
Tudo isso remete a um assunto que tá cada vez mais na ordem do dia: o
papel do município na segurança pública. O município como unidade
federativa mais próxima das pessoas e com a missão de enfrentar os
problemas locais de violência e criminalidade.
O artigo 144 da constituição federal diz que a segurança pública é
dever do estado, direito e responsabilidade de todos, e exercida para a
preservação da ordem pública e da integridade das pessoas e do
patrimônio. Fala das polícias Federal, Rodoviária Federal, Ferroviária
Federal e Civil. Só no parágrafo oitavo, a constituição cita os
municípios, afirmando que eles podem constituir guardas municipais
destinados à proteção de bens, serviços e instalações.
Mas, muito além disso, o que se espera é que o município atue na
prevenção da violência. E que trabalhe para reduzir os índices de
criminalidade. “Passando esse problema da violência, ela vai além de
apenas trazer novas armas, novas viaturas para a polícia, endurecer o
sistema penal. Outras medidas são necessárias, na verdade políticas
públicas de prevenção e de inclusão social. Nesse caminho, o município
deve se colocar com essa participação, ele pode sim trabalhar de forma
muito eficaz nesse combate à violência”, explica Roberta Araújo, juíza
do trabalho e professora.
Uma das funções do município é, sem dúvida, cuidar dos jovens. Criar
espaços de convivência onde eles sejam acolhidos, educados e preparados
pra vida. Um local em que eles possam se sentir protegidos, a salvo. Dos
abusos, do descaso, da violência mesmo, onde exercitem normas de
educação, de respeito ao próximo, uma espécie de contrato de
convivência. Um estímulo pra pensar.
Um lugar também que prepare para o mercado de trabalho. Que descubra no
jovem o talento, a vocação. “Antigamente eu só pensava mal e hoje em
dia eu penso diferente, gosto de curtir brincar. Existe o teatro aqui e a
gente aprendeu muito”, diz o estudante Jefferson Santos, 21 anos.
“Trabalhamos muito aqui a cidadania, a educação e o respeito que poucos
tem no meio da rua, mas aqui a gente consegue obter esse objetivo que o
respeito também”, completa Thiago José, 24 anos, estudante.
Iniciativas simples podem fazer toda diferença. E, sim, isso é tarefa
do município. “Trazendo iluminação em áreas de risco, prover as áreas de
risco com escolas, postos de saúde, com praças, com espaços de lazer e
cultura. Trazer para a juventude programas de qualificação profissional,
ampliar os espaços de educação, políticas sociais do município voltadas
para o combate à violência de gênero, combate à homofobia, combate à
violência contra a criança, contra o adolescente”, orienta a juíza
Roberta Araújo.
Jovens que deixaram de ser invisíveis. Que estavam perdidos e
encontraram o caminho de volta. Que se sentiram cuidados e resolveram se
cuidar também. “Tira você de negócios de droga, violência, aqui é muito
bom. Era bom que tivesse em outros lugares também”, diz o professor de
dança Anderson Barbosa, de 21 anos. “Fiz muita besteira, mas hoje em dia
tá mudando a atitude de viver a vida, de ser um cidadão de verdade”,
conta o estudante Eduardo Augusto, de 18 anos. “Antes de entrar aqui era
só preguiça e bagunça. Depois que eu entrei foi até bom porque me
ensinou a ter responsabilidade, acordando cedo, me ensinou a querer
alguma coisa pra minha vida e me ensinou a me relacionar com pessoas que
eu não conhecia”, acrescenta a estudante Mônica Rafaele, de 16 anos.
O seu voto tem tudo a ver com isso. “O meu prefeito, ele precisa ser
alguém que eu confie e acredite que ele faz essa opção política por
alocar os recursos que ele dispõe, que a prefeitura dispõe, inclusive
para a segurança pública em áreas que são de fato essenciais para
garantir a dignidade da vida humana”, finaliza a juíza.Do G1
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